Sentei-me diante do mar. Deixei
que meus pensamentos mergulhassem em suas ondas. Fiz-me sol. E me pus ali. Perdido
em devaneios que me levavam a tuas lembranças, desenhando um sorriso no canto
da boca e amaciando-me o coração. Fechei os olhos pra te ter mais perto, e cada
milímetro meu – que um dia foi teu – respirava saudade. Das vidas que atravessei
pra te ter nos braços de novo. Das dunas onde o primeiro beijo aconteceu. Das
ondas que tocavam nossos pés enquanto caminhávamos em silêncio na praia, onde
te entreguei meu coração como a lua que se derramou no céu.
As estrelas testemunharam tudo,
anjo. Lá estava o mar, com ondas que vem e que vão, deixando na areia vestígios
de um amor viajante. Que percorre a travessia da Roda Vida, esperando ser
queimado na fogueira da vastidão, pra que um dia suas cinzas banhadas a ouro se
dissolvam no fluxo da Consciência Infinita.
Travessia das águas e do coração.
Onde brotam os versos e a Alma se ajeita. A ilha se torna a ponte e o amor se
torna canção. O oceano de Graça nos une e a música nasce. Os sonhos se tornam
hologramas e a vida nos permite ser somente amor. Pra inspiração nos mover e
nos acolher. Pro azul do mar inundar a poesia do olhar. Pro medo se esvair e
fazer crescer a força do que há entre mim e ti. Onde sol e lua se encontram.
Onde o mar se torna casa e meu ser encontra o teu, numa ponte de infinitas
possibilidades. De coração a coração.