Teu cheiro. O único que guardei. O único que, aglutinado ao suor, hipnotiza-me o olfato. Cega-me a pele. Arrepia-me os olhos e me lacrimeja a boca.
Teus poros são meu portal. As reentrâncias em que me perco a esquecer o resto. Invasão imersa em fúria na volúpia do impulso. Necessidade de ter-te e te travar nos braços. Pressionar-te na parede e te enquadrar com os olhos. Revelar-te minha fome pra te espalhar em bandejas. Temperar-te em meu corpo apimentando-te a pele.
E sem dó me aconchegar em tua cintura, desbravando-te o céu, manchando com minhas nuvens teus azuis mais ocultos. Invadir-te os alvéolos com meu vapor de ofegâncias. Ninar-te os quadris das cavidades à superfície. Devorar-te das beiradas ao recheio, da orla às entranhas e te salgar por inteiro. Só pra te impregnar em mim.