segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Canção Azul


Te entrego esta canção. A melodia que despertou em mim. O sentimento vibrando em meu corpo, feito mantra. As emoções se aflorando, a respiração transmutada, o êxtase do sentimento.

Quero isso a vida inteira. Pra me sentir vivo e amanhecer a cada instante. Pra ter motivos novos pra escrever, e me debruçar perante o mar. Descobrir novos azuis e entender o dialeto dos céus.

Se assim me sinto, torno-me anjo. Alado feito as estrelas, braço dado com o vento, flutuando num infinito qualquer.

 É singelo assim. De um jeito que mexe. Que me deixa reticente e me faz olhar pro nada. Me perder em pensamentos, pra me achegar à sua lembrança. Suave, singelo, sutil... Feito ondas do mar...

domingo, 16 de dezembro de 2012

Beija Flor


Ah, menino... Me apaixonei por suas palavras. Desejei baixinho que fossem todas elas pra mim. Era tudo tão escolhido a dedo que me seduziu à primeira leitura.

Nem todo mundo tem os olhos seus. Olhos de quem esquadrinha o mundo e retira poesia de detalhes que ninguém vê. Como se não fizesse esforço e a beleza simplesmente viesse te ver.

Menino, que lindeza esse seu jeito poeta! Seu charme. Sua carta na manga. Seu ponto forte pra encantar os outros. Chega a parecer que é tática. Perfume propositalmente usado pra que os amores venham e desabrochem de frente à sua janela. Pra que você possa se envaidecer e retirar das pétalas a essência dos versos.

E cá vou eu, beija flor, pelas beiradas, prestando atenção nos seus detalhes, desfrutando do seu jardim pra que um dia possa ser poeta como você.

Poeta das águas. Poeta do mar. Ilhado em pensamentos, ancorado em devaneios. Quero me aproximar desse céu que é tão seu e, de um jeito singelo, respirar seus frescores e ser um tantinho mais eu.

É, menino, se você soubesse que anda despertando amores com esses versos, faria um estrago! Enquanto isso te é segredo, fico aqui calado, esperando a brecha pra te olhar nos olhos, te contemplar inteiro, encontrando face a face essa poesia que alimenta a minha. Enquanto te leio, te respiro, te floreio. Espero um beijo, pra me impregnar do perfume seu...

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Sereiágua


Meu valor está nas estrelas. Guardei lá. Sempre gostei de andarilhar voando, pra enxergar lá do alto as profundezas de cá. Pra entender. E mergulhar.

Não que eu esteja acima. Nem por cima. É tudo pretexto pra ir fundo e ver cada coisa como se fosse a primeira vez. Retirar o extrato pra poesia brotar. Pro mar fluir...

Meu coração é simples. Frágil. Por isso o cuidado, o tato, o verso. Pra perfumar e maquiar, pra não ficar tão nu e cru. Porque não quero que vejam demais.

Por isso te peço, amor: não me julgues. Não fala do que desconheces, do que não te cabe. Tenho minhas belezas secretas que ando guardando pra um outro alguém...

Fala pianinho, beibe. Não atrapalhes minhas canções. Eu só preciso amar. Se não sabes nadar, não me impeças. Apenas respeita. Não te debatas, não lutes. Deixa o mar ir e vir. Respeita o tempo dele, as coisas que ele diz, a maré que ele propõe.

É o mínimo que podemos dedicar a ele. Então se já não dá, fica na areia. Caminha à tua maneira e respira do teu jeito, sem que nos ajustemos um ao outro...

Preciso sereiar. Sereiágua. Sempre. Refletindo a poesia que guardo nas estrelas. Meu valor e minha dignidade. Minha poesia. Ainda que nada seja de fato meu... Mas por algo que habita em mim. Que me faz amar. Por isso apenas (me) respeita. E vai...

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Sobre nós


Ele: O que há de melhor em mim é sua lembrança. Amuleto que guardo comigo, mostrando a cada horizonte a beleza do nosso amanhecer. Como se quisesse te unir ao sol pra te contemplar a cada aurora que se manifestasse diante de mim. Pra que o amor se eternize, e lá permaneça, guiando-me a cada norte que a intuição propuser, pra que eu siga andarilhando sendo guiado pelo seu perfume. Porque não te resisto, amor, e cada magnitude sua é um renascer pra mim. Mas já é noite, e só me restam as estrelas.

Ela: Bem eu sei o que me dizes. Sobre as belezas que cultivamos. Sobre os segredos enterrados. Sei também sobre as lágrimas que se tornaram mar. E nos ilharam. Pra que cada um entendesse a efemeridade da poesia, a dimensão do amor. (Pausa, como se ela refletisse...) Eu te amo. Mas não te quero mais. Enquanto me almejas o sol, quero-te a lua. Quero-te eclipse.


Ele: Pra gente se fundir?


Ela: Pra te olhar uma última vez...


Ele: E por que o fim?


Ela: Porque quero o começo.

...................................................................................................................................................................


PS: Talvez prólogo. Talvez canção...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Estrada


É que assim... as melodias correm tristes. Os quilômetros do quanto te queria aqui me afetam as batidas do peito. Eu, andarilho, levantando vôo pra conhecer outros céus. Você com sua vida passaredo fazendo suas coisas, levantando seus tijolos, dizendo que pensa em mim. Eu reagindo, dizendo que também, que to bem, mas no fundo sabendo que ainda existe um mundo a se descobrir (com ou sem você?).

(...)

Eu quero a vida borbulhando. Se tivesse você ao lado, a vida seria perfeita! Mas nas atuais circunstâncias o que me restam são suas lembranças, o amor que cultivo, regado pelo desejo imenso de te ter de novo. Te quero mais do que almejei o mar. Mas hoje me peguei triste, reticente. Poetizando minhas entrelinhas, disperso entre as estrelas. Meu coração cinzento, o pensamento distante e nossa canção tocando de longe. Eu te querendo, sem saber ao certo se é tempo de te querer.

Te vejo longe, me és recordação, mas me é também realidade. És em mim. Bem sei o quanto te quero. O quanto quero te falar sobre meu amor. Te recitar um poema inteiro com os olhos, pra que me conheças as janelas. Pra que me desvendes até onde nem eu sei. Pra me entregar ao seu abraço e simplesmente me esquecer de mim mesmo.

Mas o que vejo, amor meu, é somente estrada. E te queria ao meu lado, sua mão colada à minha, pra juntos desenharmos pegadas na areia. E enfim mergulhar. E enfim ir...

Tão doce é meu amor por você. Por isso fecho os olhos, e respiro. Espero. Mentalizo: que essa saudade que me colore o peito agora seja a poesia de uma finitude da distância. Porque o resto somos nós e a imensidão. Nosso amor e nós dois... Nós dois e o mar...

domingo, 2 de dezembro de 2012

Sentido


Senti o amor nascer. Veio assim, sutil, como o sol que nasce e me lacrimeja os olhos. Vi o amor nascer quando nos beijamos em segredo e as ondas desenhavam nossa paixão na areia.

Vi o amor nascer quando a noite nos cobriu. Quando você me olhou nos olhos e se arrepiou inteiro. Quando meu quadril encostou-se ao seu e nosso corpo pedia mais. O vento soprava nossos intentos e a maré nos acolhia.

Ouvi o amor nascer quando seu lábio me cantou um beijo. E pude te ouvir por inteiro, desejando que aquela melodia fosse eterna, junto ao calor do seu abraço.

Tateei o amor e te saboreei inteiro. Degustei sua pele, bebi seu coração. Te jorrei lágrimas, te deliciei inteiro, enquanto a alma voava. As asas livres e as estrelas testemunhando...