sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Anjo

Deita aqui, anjo. Desarma o coração e sincroniza tua respiração com a minha. Deixa eu cuidar das tuas asas quebradas. Vem cá pra gente cuidar desse jardim, onde não existe barreira entre a imensidão de nós dois.

Fecha teus olhos. Voar nem sempre significa estar lá em cima se os pés continuam grudados no chão lamacento dos medos e vícios.


Então confia: teu beijo me despertou o céu. Me enviou estrelas pra eu cuidar e fazer do meu peito um infinito, pois quando te sinto em meus braços e nosso amor se manifesta eu escuto aqui dentro lindas canções sobre o melhor de nós.


Então te abre. Do outro lado, bem aí dentro, existe alguém que insistes esconder de ti mesmo. Que conversa comigo quando me cuidas, quando teu corpo adormece entrelaçado ao meu, quando a noite narra nossos mistérios e nos permitimos transitar entre luz e escuridão, pra nossas almas flutuarem.


Quando elas voam juntas e me lembro enfim das ondas do mar. Das profundezas que permito que o melhor de mim floresça. Como uma rosa branca que se manifesta através de perfumes e espinhos. Quando no coração desabrocham aquelas suaves melodias que dançamos a dois, testemunhados pela lua de prata.


E assim sobrevoamos os céus que almejamos voar com a leveza de um coração liberto. Não é preciso de asas quando se tem amor e este por si só nos torna alados. Quando tudo ao redor se dissolve e só me importa a magia que enxergo em teus olhos.


Então me dá tuas mãos. Anjos não voam sozinhos...