terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Holograma


Sempre te guardei no bolso. Enfrentei sóis e luas e te mantive ali, meu mais lindo segredo. Minha lembrança mais singela. A única cujos detalhes guardei todos, e fiz deles um autorretrato, ressaltando meus sonhos e projeções ao teu lado.

Sabes, amor? Depois de todos esses anos sem te saber notícias, sem te ouvir a voz, lembrei-me de todos os teus aniversários, te sonhei em algumas manhãs e saboreei tuas memórias em luas de prata. Saboreei os beijos que almejamos, mas não trocamos; as noites que nos prometemos e não tivemos; as juras de amor trocadas em segredo, e até então não cumpridas. Sempre com a certeza de que te encontraria de novo, com a esperança de te sentir o cheiro e te mostrar o mar. Sentar ao teu lado na areia e ver todos os por de sóis diante de nós. Te amar mais uma vez em um pra sempre nosso.

Pedi ao universo que nos tornássemos eternos e as estrelas nos dessem sua bênção. Sussurei-te em telepatia: “Me faz ser-te um mar que te faço um céu. Deita na areia e deixa que o embalo das águas te acalente as tristezas. Dorme enquanto te guardo, pois a luz virá abrir-te os olhos.Escuta o acalanto do vento que te dirá sobre meu amuleto...”

Ouviste, vida? Porque de todos os anjos que te visitaram a beira-mar, de todas as ondas que te umedeceram a face, lá estava eu te sereiando em pensamentos. Te sereiágua sempre. Enquanto tiver vida pra te sonhar. Sonhar teu abraço e todos os beijos que nos roubaram esses oitos anos, e fizeram de ti meu mais lindo holograma. O sonho que guardei em segredo e cultivei nas águas, em profundezas que somente teu coração visitou. Águas cujas ondas me remeteram a ti, me tiraram o sono e me ensinaram amar, selando em versos o beijo que guardei pra te entregar...

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