Ela cai pra limpar. Clamei
que viesse pra me lavar a alma. Que me tirasse todas as tatuagens que me
pintaram. Que me apagasse as cicatrizes que me desenharam. Que me privasse do
suor que me causou desconforto. Que me esvaísse o calor do corpo e dos
pensamentos que me habitam durante o dia e se transformam em pesadelos à noite.
Pode ser que eu tenha
gostado. Mas quando se ingere algo em excesso, torna-se veneno. Corre pelo
sangue e nos afeta as células. Os hormônios borbulham diferente; a aura muda de
cor. O céu se transforma, se encharcando de um nublado diferente, em que a dor
se esconde, camuflando em meio aos afetos, enquanto o corpo se transforma e
tudo que fica é uma possessão de um estado além que jamais conseguirei
explicar.
Por isso o céu é minha
solução. Essa água que me unge e espanta todos os agouros, tirando-me as sombras.
Como se fechar os olhos e respirar fundo enquanto paro o tempo fosse a cura
pros meus anseios, e daí começasse uma melodia calma que me afagasse o coração.
Um mantra. A necessidade oculta gritando a própria sede. Meu coração áspero
feito a terra seca e meus harmônicos desejando voltar. Minha intuição me
dizendo sobre a hora de romper com o vício... Quebrar todos os espelhos que me
ocultaram as janelas da parede. Pra que um dia eu os estilhaçasse e fizesse do
horizonte um tesouro sagrado.
Somente ali vou me
purificar de todas as insônias e alucinações. Do que câncer que você se tornou.
Pra minha cura acontecer e eu conseguir ir, sem que sua presença me habite os
devaneios, já que não faz sentido eu me alimentar um passado que já se foi.
Talvez essa chuva me
seja Graça. E cada gota me quebra um retrato seu. Um desejo meu. Pra que as
palavras se destinem pra um outro alguém e sejam frutos de um novo pulsar. Pulsar
de veia. Razão pela qual sinto sede e almejo voar. E (te) amar...
Chuva bem-vinda e brisa benfazeja.
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